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Em busca da maturidade e sabedoria.


Todo o ser humano é chamado ao amadurecimento. Mas é muito pessoal e processual, consiste em uma busca diária. É com os erros e acertos do dia-a-dia que vamos aprendendo a amadurecer.

A meu ver, amadurecer é integrar. Todos nós seres humanos somos um conjunto de limites e possibilidades, qualidades e defeitos. A maturidade é o ponto convergente e harmonioso que gera a coerência de todos esses aspectos. Limites e possibilidades, qualidades e defeitos, tudo integrado e reconhecido como essência que nos constitui.

A maturidade reúne o que antes estava desagregado. E estando desintegrado, imaturo, o ser humano fica privado de favorecer-se. Incapacitado de descobrir a dimensão positiva de seus limites, deixa de explorar suas possibilidades. Negando os defeitos que carrega, torna-se ainda mais nocivos. Não sendo capaz de ver-se num todo, termina-se a viver fragmentos. Longe de sua essência e vivendo sem a posse de si mesmo, torna-se alvo de relacionamentos possessivos e cárceres . No cativeiro distante de sua essência, moldado a partir das exigências da sociedade em sua volta, torna-se caricatura de si mesmo.

A maturidade é zelar pela própria liberdade e se emprenhar em promover a liberdade dos que por ventura passar por usa vida.

REQUER muita liberdade interior contrariar a quem amamos. É preciso estar emocionalmente amadurecidos para que sejamos capazes de nos opor aos que ameaçam nossa subjetividade. Por quê? Por que a imaturidade nos faz pensar que deixamos de ser amados se não fizermos o que os outros esperam de nós.

O AMOR é um território ardiloso. Em nome dele provocamos desastres. Nem sempre amamos livremente. É comum que nossa capacidade de amar esteja condicionada pelas nossas necessidades.

Ao tomar a consciência do fato, que amar é dar liberdade ao outro de ser e viver sua própria essência e não a nossa. Da necessidade de podermos passar a liberdade, ao amor GRATUITO, desinteressado.

Nunca é tarde para reconhecer, aprender e mudar. Ao identificar que dentro de casa estamos estabelecendo vínculos que DESPERSONALIZAM, teremos condições de dar passos significativos no amadurecimento familiar. A família é quem nos coloca em contato com a nossa verdade pessoal, que deve ser o alicerce que sustentará o edifício que Deus pretende que sejamos.

A imaturidade no contexto religioso é altamente perigoso para o espaço interno do indivíduo, a sua subjetividade. Quando orientadas por autoridades religiosas imaturas e despreparadas, muitas pessoas assumem a infelicidade como projeto divino. A flagelação da essência, a renúncia equivocada do que se é, tudo como forma de agradar a Deus.

Mas o específico da experiência religiosa não é retirar os véus que nos separam de Deus? Conhecer a Deus não é também conhecer a nos mesmos? Uma prática religiosa que nos distancia de nós mesmos, ou nos faça negar o que somos, não seria negar também a Deus, nossa essência?

A TEOLOGIA CRISTÃ nos ensina que o conhecimento de Deus nos coloca em contato com o SER HUMANO que ELE deseja que sejamos. Quanto mais mergulhamos no mistério de Sua divindade, muito mais teremos condições de chegar ao conhecimento de nossa VERDADE.

As teologias equivocadas e os discursos que deles procedem nos apartam de Deus, e, apartando-nos d´Ele, confinamo-nos em CATIVEIRO terríveis, reduzindo nossa dimensão religiosa a uma prática infértil, alienada.

“ Nem sempre o amor ama. Por vezes ele é o disfarce do egoísmo.” (Padre Fábio de Melo)

Essa frase me despertou para entender o processo da minha maturidade. Durante 24 anos estive em cárcere emocional, com dificuldades no meu relacionamento conjugal e familiar. Eu não conseguia reconhecer que estava atada a um relacionamento altamente nocivo, desagregador, e não tinha a coragem e maturidade para romper, quebrar o vínculo que me unia a um estado de cárcere e infeliz.

Sabia identificar o quanto a relação me fazia mal. E me sentia totalmente dependente aquela relação conjugal, que falsamente me convencia de ser o melhor para mim e meus filhos. Porém me sentia doente, fraca e infeliz. Eu me sentia bonita inteligente, cheia de possibilidades e amargava um precioso tempo de vida dedicados a uma pessoa que só me causava dor. Me sentia sequestrada. Diferente do sequestro convencional, mas sequestrada de mim mesma! O casamento havia confiscado minha subjetividade. Desintegrada emocionalmente, permanecia incapaz de tomar uma decisão que pudesse devolver a minha alegria de viver.

Eis o equivoco. O AMOR não pode nos privar de nós mesmos. A essência antecede a tudo o que podemos oferecer. Só podemos nos oferecer livremente se antes estivermos dispondo de quem somos. Não podemos permitir que um relacionamento nos prive dessa essência. Essa dimensão não pode ser doada. Nossa essência. Se nos retirar o que somos, já não temos nada a oferecer. Concessões não nascidas de um AMOR MADURO, o qual nos firma no porto de nossa essência, podem abrir portas para um relacionamento vazio ou possessivo.

Sigo só. Mas sigo livre e em processo de amadurecimento na busca da sabedoria.

L.É.T BAHIA

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