Explorando o cerrado região do Gama - DF.
- Eliete Bahia
- 15 de jan. de 2019
- 4 min de leitura

Fazer trilhas e conhecer recantos escondidos na natureza é uma experiência que fascina muita gente, independentemente dos possíveis perigos inerentes à exploração. Para mim, a aventura pode trazer alguns dissabores a mais. Mulheres sozinhas no cerrado ou qualquer outro ambiente natural costumam ser vistas como mais vulneráveis, o que exige atenção redobrada. Os riscos, no entanto, não são o bastante para nos desanimar.
Então na tarde de terça feira as 15 h, eu e uma amiga a Marluce, decidimos explorar o cerrado na região do Gama - DF sozinhas, a experiência vem acompanhada de certo desafio e resistência contra a violência que tolhe a liberdade feminina. Mas o contato com a natureza, o autoconhecimento e o espírito de aventura superam quaisquer percalços.
A primeira ideia era chegar até cachoeira Olhos D’água, que se localiza Núcleo Rural Casa Grande (Gama), Brasília – DF. O acesso segue até o final de uma rua que termina já na mata com uma trilha tranquila com fauna e flora tipicamente do cerrado.
Percebemos a visita de pessoas de fora logo no final da rua, onde geralmente deixam os carros e seguem a pé, pois não há acesso para veículos. Atentas, pois não sabemos que tipo de pessoas podemos encontrar seguimos nossa aventura sempre observando ao redor.
O cerrado é uma savana tropical repleta de vegetação rasteira, arbustos e árvores retorcidas. À primeira vista, a paisagem pode até não te cativar, mas a medida que você vai explorando suas trilhas, cachoeiras, fauna e flora, fica impossível de resistir aos encantos peculiares do Cerrado.

O calor é predominante nesse ecossistema. Por sorte, logo chegamos nas águas da cachoeira Olhos; com destaque para o cânion de aproximadamente 15 m de altura, a cacheira vai transformando o lugar em uma paisagem belíssima nos causando uma sensação de paz e harmonia.
Não só apenas árvores baixas de casca grossa compõe o cenário natural do Cerrado. Lindas e exóticas plantas e flores brotam para dar cor nos campos secos e monocromáticos, como as belas caliandras, flamboyants e capim dourado.

Após exploramos o cânion da Cachoeira Olhos D'água, eu e a amiga Lu, seguimos uma trilha pequena pela mata para sairmos da visão de alguns homens que haviam por ali (melhor não arriscar!) . Passamos por uma ponte improvisada em uma pequena erosão, mas a Lu não sentiu segurança em atravessar então tomamos outro caminho que nos levassem a estrada de volta a rua de acesso por onde viemos.
Entre uma flor e outra íamos contemplando o cerrado com suas vegetação típica apresenta troncos retorcidos e cascas espessas, ideais para os períodos de seca recorrentes.
Seguimos para a Capela São Francisco, é uma das mais especiais em Brasília. Pequena, aconchegante e muito bem cuidada, é disputada para casamentos por causa da sua localização espetacular, no topo de um morro defronte a um vale muito bonito.

A tarde estava radiante e nos convidava a seguir explorando o Cerrado. Então decidimos descer o vale por trás da Capela.
Confesso que minha amiga não estava muito animada, mas eu com um jeitinho a arrastei kkkkk! E seguimos por uma trilha acidentada com pedras e fissuras na terra, em algumas vezes precisamos sentar e descer se arrastando para não cair. Mas logo chegamos em um pequeno cânion com fonte de água e além da vegetação muitas pedras ao redor.

Também podemos perceber mangueiras capitando a água da fonte natural, o que nos entristeci muito pois prejudica muito a natureza ao redor!

Também encontramos um senhor com 4 cachorros que passeavam por ali, provavelmente um morador do N.R. Casa Grande. Deixamos que ele seguisse em frente, com seus amigos caninos, enquanto abastecíamos nossas garrafas com água.
A frente, muito galhos retorcidos e mato fechando o caminho, mas era possível passar e contemplar o vale e os fundos da Capela São Francisco de Assim ao longe.
Seguíamos subindo degraus de pedras, nos dando a sensação de estar escalando uma montanha... Ufa !! Mas a paisagem nos dava energia para seguir em frente.

Não muito longe do vale nos fundos da delicada Capela, encontramos a ação irresponsável e degradante do homem, o lixo urbano...
O lixo produzido na região local, tem sido disposto de forma inadequada, a céu aberto sobre o solo que pode acabar contaminando as águas das nascentes, dos rios, córregos que estão muito próximo dali e até mesmo o lençol freático, potencializando doenças e proliferando germes patológicos, moscas, mosquitos, baratas e ratos. Dengue, febre amarela, febre tifoide, cólera, disenteria, leptospirose, malária, esquistossomose, giardíase, peste bubônica, tétano e hepatite A, são doenças que ganham dimensão onde lixões existem.
É necessário uma ação educativa e de prevenção, uma gestão eficiente de resíduos sólidos para a preservação ambiental. Antes de empurrar o lixo para um destes locais, no entanto, é bom lembrar que 95% da massa total dos resíduos urbanos têm um potencial significativo de reaproveitamento. Apenas 5% é realmente lixo.
Revoltadas com o que vimos, eu e minha amiga Lu, seguimos nosso caminho pensativas, na busca de uma solução para o lixo jogado de forma irresponsável no cerrado do Núcleo Rural Casa Grande, Gama - DF, que tem muito a oferecer não só com sua fauna e flora como muitos outros benefícios para vida humana. Lamentável ...
Concluímos nossa aventura, uma caminhada de aproximadamente 10 km explorando o cerrado no período de 3 horas, contemplando as belezas naturais, registrando muitas delas que se segue abaixo e...
Também, registrando a ação irresponsável do homem que degrada a vegetação jogando lixo do lazer ou da população do entorno que despeja seu lixo urbano a céu aberto no cerrado de maneira burra e irresponsável!!!
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