top of page

O que eu quero?


Ultimamente tenho pensado muito sobre " O que eu quero?". Quando mais jovem queria muitas cosias, uma delas correr o mundo. Mas fui fraca e deixei os padrões da sociedade me engessar: Tenho emprego, marido, filhos. O que mais posso querer?

Nada é tão comum quanto resumirmos a vida dos outros e achar o que mais elas podem querer. Fulana é linda, jovem e tem um corpaço, o que mais ela quer? Sicrana ganha rios de dinheiro, é valorizada no trabalho e vive viajando, o que mais lhe falta?

Então, olhei para o espelho e me perguntei e você? O que você quer?

Vamos lá. Quero não ter nenhuma condescendência com o tédio, não ser forçada a aceita-lo na minha rotina (odeio rotina) como um inquilino inevitável. A cada manhã, exijo ao menos uma expectativa de uma surpresa. Expectativa por si só já é um entusiasmo.

Quero que o fato de uma uma vida prática e sensata não me roube o direito ao desatino. Que eu nunca aceite a ideia de que a maturidade exige conformismo. Que eu não tenha medo nem vergonha de ainda desejar.

Quero uma primeira vez outra vez. Um primeiro beijo em alguém que ainda não conheço, uma primeira caminhada por uma nova cidade, uma primeira estreia em algo que não fiz, quero seguir desfazendo as virgindades que ainda carrego, quero ter sensações inéditas até o fim dos meus dias.

Quero ventilações, não morrer um pouquinho a cada dia sufocada em obrigações e em exigências de ser a melhor mãe do mundo, a melhor esposa do mundo, melhor qualquer coisa do mundo. Gostaria de me reconciliar com meus defeitos e fraquezas, arejar minha biografia, deixar que vazem alguma ideias minhas que não são abençoáveis.

Queria não me sentir tão responsável sobre o que acontece ao meu redor. Compreender e aceitar que não tenho controle nenhum sobre as emoções dos outros, sobre suas escolhas, sobre as coisas que dão errado e também sobre as que dão certo. Me permitir ser um pouco insignificante.

E, na minha insignificância, poder acordar um dia mais tarde sem dar explicações, conversar com estranhos, me divertir fazendo coisas que nunca imaginei, deixar de ser tão misteriosa pra mim mesma, me conectar com as minhas outras possibilidades de existir. O que eu quero mais? Me escutar e obedecer ao meu lado mais transgressor, menos refém de familiares, marido, filhos, reuniões, trabalho e despertadores na segunda-feira de manhã. E também quero mais tempo livre. E mais abraços.

Pois é, ninguém está satisfeito. Ainda bem! :)


L.É.T BAHIA

Comments


bottom of page